quinta-feira, agosto 31, 2006

as quatro estações dentro de ti...



Se um dia me descobrires, saberás que este foi feito pra ti...


Quando veraneias
iluminas com tua sabedoria
irradias um brilho especial
próprio do cavaleiro dourado que és
és força e luz que faz a vida brotar.

quando outonas
recolhe-te em tua semente
prepara-te para o inverno sombrio
folhas caem levadas pelo vento
tua melancolia te faz belo e frágil
traz a vontade de te proteger e cuidar
és folha dourada no chão ao fim da tarde

quando invernas
choves como garoa nas noites mais úmidas
traz a ira da tempestade nos dias cinzentos
cai como raio fulminante
arrebenta, parte, dissolve, destroe
és fogo e água se consumindo pela vida

quando primaveras
brota em toda tua essência
faz florir os corações
perfuma o caminho com rosas
apaixona com seu colorido
a vida passa a ter trilha sonora
és vontade de deitar na grama
e de mãos dadas ver nuvens passando
és fruta madura comida no pé
és rede na varanda embalada ao vento
és a complexidade da semente que germina
és a simplicidade da árvore que cresce
és flores
és vida
és meu amor querido...

sexta-feira, agosto 25, 2006

singelo momento mágico














noite sem lua
no horizonte, púrpura
vento na face
estrada solitária e escura
no teto, estrelas

neste cenário percebo sua luz
descalço nas dunas,
olhava o horizonte como se o quisesse alcançar
seus braços bailavam ao sabor da noite
imploravam à majestade Éolo que o libertasse dessa prisão
por um momento, nossos olhares cruzados...
achei que sorria para mim
delírio de quem ouvia "le ciel dans un chambre"*
embalada pela densa e calma noite...

momento mágico
impossível não sonhar

foi assim que numa noite sem lua me apaixonei
por um catavento descalço nas dunas...


*Le ciel dans une Chambre
By Carla Bruni

Quand tu es près de moi,
Cette chambre n'a plus de parois,
Mais des arbres oui, des arbres infinis,
Et quand tu es tellement près de moi,
C'est comme si ce plafond-là,
Il n'existait plus,
je vois le ciel penché sur nous...
qui restons ainsi,
Abandonnés tout comme si,
Il n'y avait plus rien,
non plus rien d'autre au monde,
J'entends l'harmonica...
mais on dirait un orgue,
Qui chante pour toi et pour moi,
Là-haut dans le ciel infini,
Et pour toi, et pour moi
Quando sei qui con me
Questa stanza non ha piu pareti
Ma alberi, alberi infiniti
E quando tu sei vicino a meQuesto soffitto,
viola, noNon esiste più,
e vedo il cielo sopra a noiChe restiamo quì,
abbandonati come seNon ci
fosse più niente più niente al mondo,
Suona l'armonica, mi sembra un organo
Che canta per te e per me
Su nell'immensità del cielo
E per te e per me.mmmhhhhhhhh
Et pour toi, et pour moi
.mmmhhhhhhhh

O céu em um quarto

Quando vc está perto de mim
Este quarto fica sem paredes
Mas com árvores, sim.. árvores infinitas
E quando vc está tão perto de mim
é como se aquele teto
não existisse mais
Eu vejo o céu pendurado sobre nós...
que ficamos assim
Abandonados como se não houvesse
mais nada ou ninguém mais no mundo...
Eu ouço uma gaita,
mas poderíamos dizer um órgão
que canta para vc e para mim
No alto do céu infinito
E para vc e para mim...

quinta-feira, agosto 17, 2006

Pulsação


Numa única pulsação
seu universo expandiu-se em mim.
Como se eu nunca tivesse existido,
tornei-me este espaço que se criava ao expandir-se.
Num momento singular, de dimensões celestiais
fizeste de mim estrela.
Em teu universo latejo
num respiro desapareço
noutro momento amanheço

existir tornou-se poesia

segunda-feira, agosto 14, 2006

mais uma de asas...





enquanto olhava o mar
sonhava-se andorinha
pés descalsos na areia
brilho maroto no olhar
jeito de quem voa nas asas...
por um momento esqueceu que não as tinha
e voou
quando lembrou
tarde demais
andorinha que sonhava
passou a ser

sexta-feira, agosto 11, 2006

águas em mim


Quando água de cheiro, exalo
quando água de chuva, desabo
quando água de choro, melhoro
quando água de rio, eu corro
quando água de poça, eu paro
quando água de mar, mergulho
quando agua de fonte, ressurjo
quando aguardente, eu amo
quando água de bica, me dano
quando água de riacho, relaxo
quando água de cachoeira, ponho à baixo
quando águas de março, eu canto

quando gota d'água, transbordo

dia desses de manhã...

Resolvi morrer de pouquinho,
n’1 segundo morri 1 minuto
n’1 minuto morri 1 hora
n’1 hora morri 1 dia
n’1 dia morri 1 mundo.
O sol lá de cima gritou:
-Acorda menina pra vida!
tu, que és margarida,
ainda não foste colhida
desabrochei...

quinta-feira, agosto 10, 2006

devore



Amor,
brincadeirinha perigosa e paradoxal!
Ao mesmo tempo que te alimenta, te consome...
Grande senso de humor esse tal de Eros!

terça-feira, agosto 08, 2006

Hoje estou Água de riacho...


hoje é um daqueles dias que vem depois da tempestade...

A música invadiu minha alma
O vento bagunçou meus cabelos
O sol dourou minha tarde

Não precisei de muito pra navegar na calmaria
bastaram meu violino, minha bicicleta e um pôr-de-sol,
quem precisa de mais?

Rizoma


EU não sou feita apenas de MIM mesma.
Assim como não é uma só a raiz,
não são um só os ramos.
Nem as folhas que neles repousam, que são tantas quantas o vento possa levar
Nem as flores que neles brotam, que são tantas quantas o pássaro possa beijar
Nem os frutos que neles eclodem, que são tantos quantos possam alimentar...

sexta-feira, agosto 04, 2006



Hoje deixaria toda cautela que sempre tenho, todo o cuidado com o que me é precioso,em nome desse turbilhão de emoções que teima em se instalar, quero me permitir envolver além dos meus julgamentos de certo e errado...
algo está me corroendo, raiva, decepção, não sei bem, mas minha vontade é
rasgar meu peito e extrair o melhor e o pior que existe em mim,viver o extremo.
Hoje preciso de um ombro amigo que me ajude a não extrapolar a razão pela emoção, ou que me ajude justamente no contrário.
Hoje carrego em mim a vontade de enterrar os juízos, a consciência, e o equilibrio que sempre teimam em direcionar minha vida, enterrar fundo toda minha sanidade e ser louca por alguns minutos,
sentir a força da impulsividade me arrancar todo o controle que teimo em tentar estabelecer das minhas emoções.
Quero sentir e expressar toda a vida que pulsa no meu ser, que a raiva hoje me impulsione a trazer a tona o belo e o assustador.
As palavras hoje teimam em não ser belas e mansas, na profundidade de minha alma, pensamentos envolvem-se em disputa feroz entre o que quero e o que sou.
Hoje sou fogo e água em ebulição, tempestade que demole a si própria para um novo construir.
Hoje, mais do que nunca quero consumir para não ser consumida...

quinta-feira, agosto 03, 2006

mergulho solitário



Uma única lágrima correu em minha face,
pediu licença educadamente
e por entre os cílios desabou em queda livre.
Dizem que não quis esperar pela enxurrada
e lançou-se solitária no desconhecido.
Virou sal, pregada na face que a pouco mantinha úmida.
A dor passou enquanto ela secava.
Ainda não se sabe o motivo de incontido ato da solitária lágrima,
a única certeza é que algo se moveu...
...algo removeu...

"tudo que move é sagrado
e remove as montanhas com todo cuidado,meu amor..."

quarta-feira, agosto 02, 2006

beija eu, me beija


...sinto que as flores hoje abriram-se só para mim...
desculpem-me a arrogância,
mas quem me disse foi uma fonte segura,
sempre acreditei na palavra dos beija-flores...

terça-feira, agosto 01, 2006

fratura exposta de alma


sem pedir licença
rasgou minha carne
penetrou minha alma
densificou meu ar
saciou minha sede
sequestrou meu olhar

me empurrou no abismo
segurou minha mão
balencei-me ao vento
confiei no aperto

me puxando os pés a gravidade
me levando ao chão todo meu peso
me trazendo à tona o sofrimento

canso de resistir
abro mão
lanço-me ao infinito
jogo-me no desconhecido

o chão a se aproximar
o céu a distanciar
o vento arranca a pele
a alma fica exposta
não mais corpo
não mais sofro
não mais caio
sobrevôo