terça-feira, agosto 05, 2008

coloquei minhas asas de molho...


Minhas asas?... coloquei-as um pouco de molho,
e se não estou voando é por que hoje corro.
Minhas pernas estão fortes,
aproveito essa força para fazer o sangue pulsar em todo meu corpo.

A paisagem que vejo em terra não é menos bela que a que vejo sobre as nuvens
apenas diferente
como está diferente meu olhar
como está diferente meu horizonte
como é diferente cada um de meus belos dias
não estou sentindo o ar gelado das nuvens rasgando minhas narinas
mas sinto a maciez da grama estalando entre meus dedos

A poesia?
não a tenho escrito...
mas
nunca deixo de vivê-la
nunca deixo de percebê-la
em cada flor que desabrocha
em cada feixe dourado de luz que parece fugir do horizonte na minha "horinha mágica"
nas ondas marotas que rolam sob a areia branca refrescando um dia escaldante
na sinceridade do abraço dos que realmente me amam
na presença imponente do "pé de planta" que nunca foi podado lá no quintal
no sorriso do estranho que nunca mais me verá
mas que nem por isso deixa de sorrir ...


A natureza é escrita em versos
a poesia está impressa em tudo
é só abrir os olhos para percebê-la
é só fechar os olhos para vivê-la
e se ultimamente não tenho feito poesia
é por que ela me tem feito.


...a vida resplandece aos olhos que brilham ao encará-la...

...vez por outra tiro minhas asas de molho e dou umas voltinhas,
só pra não perder o costume...

sábado, maio 24, 2008



O medo de amar é o medo de ser livre

(Beto Guedes e Fernando Brant)

O medo de amar é o medo de ser
Livre para o que der e vier
Livre para sempre estar
Onde o justo estiver

O medo de amar é o medo de ser
De a todo momento escolher
Com acerto e decisão
A melhor direção

O sol levantou mais cedo e quis
Em nossa casa fechada entrar
Pra ficar

O medo de amar é não arriscar
Esperando que façam por nós
O que é nosso dever
Recusar o poder

O sol levantou mais cedo e cegou
O medo nos olhos de quem foi ver
Tanta luz

sexta-feira, agosto 31, 2007

despertar


dormia feito criança...

no sorriso tinha flores de todas cores
nos olhos a luz de todos os sois
no hálito aromas de todas as rosas
em cada ir
em cada vir
um mundo a se criar
expansão e contração
tecendo o devir


como a pena que flutua em queda livre
assim era seu movimento
como o rio que segue o fluxo
assim era seu ritmo

leve e despreocupado
voando sobre as ondas do silêncio
quebrado apenas
pelo som de seu respiro

imerso em sua imensidão
absorto em seu delírio
sonhava-se vácuo

e quando nada mais era
a não ser a pureza do vazio
tudo vibrou...

...assim o universo despertou
do sonho antigo de nada ser...

(...e como criança, quando acorda de sonho bom inacabado,
ficou um pouco mal humorado,
e foram estrelas pra todos os lados... )

sexta-feira, agosto 03, 2007

Volúpia

Quebra Este silêncio que me atormenta
sussurra-me teus desejos
invade-me com tua fala
penetra-me com tua poesia

eu te permito
eu te convido
eu te convoco

faz de mim tua folha em branco
e me transforma em letras e sonhos
escreve em mim tua história
e através de tua caneta
imortaliza minha alma
me faz explicita
até que nada mais fale
nada mais cale
nada mais falte
nada mais sobre

corpos exaustos
caneta sem tinta
todo o espaço preenchido
por letras e sussurros...

...só então
deixa que o silêncio invada
Este silêncio que nada mais é
que o som da nossa volúpia

quinta-feira, julho 19, 2007

pensa a mente (infantil-mente)...


pensei que era meu aquele pensamento
mas ao deparar-me com o vento
vi que trazia, iguais aquele, tantos outros
pensei infantil-mente poder segurá-lo
torná-lo eu
fazê-lo meu
mas assim como o vento trouxe-me tantos mais
levou-o de mim
deixando-me pra trás

quando outros vieram
abri minhas janelas
e eles passaram por mim
feito brisa a refrescar
minha mente-jardim

na brisa vieram sementes
que
em idéias floresceram
colorindo meu pensar
perfumando meu sonhar

entendi então :

as flores- idéias não tem dono
são só pra admirar
e toda beleza está
em soltar as sementes no ar

sexta-feira, junho 29, 2007

noite espelhada


* * *
* *
* * *
* *
* * *
olhei pro céu
pra ver estrelas
juntei os pontinhos
e vi a mim mesma
*
refletida nos olhos
a estampa da noite
estampado no universo
o reflexo da alma
* *
* * *
* * *
*
* *
* * *
*

quinta-feira, junho 21, 2007

simplesmente ser


...enquanto tocava "Cannon em dó maior" -Pachelbel...


junto com a brisa
veio um suspiro
doce ilusão de um dia perfeito
como fosse um sonho bom, que ao final
perde-se na realidade e vira saudade do que não foi

junto com a chuva
veio uma lágrima
gota de emoção
como quem sente por um mero instante
a vida e o universo em conecção

junto como sol
veio a clareza
de um pensamento sem palavras
de um dia sem motivos
de uma mente sem porquês
de um simplesmente ser